29 de nov. de 2016

A Decisão de ir embora | Piity Manson

Você costumava ficar por mim. Eu nem precisava pedir ou fazer manhã. Era só você olhar para mim, dormindo no seu travesseiro como se ele fosse meu e usando sua blusa preferida como se não ficasse grande em mim, e você ficava. Mas hoje em dia você não retorna minhas mensagens e faz questão de desligar o telefone antes que eu. O que significa tudo isso? Eu não sou boa o suficiente para que você permaneça comigo? Ou que tudo o que eu previa desde o começo estava certo? Eu disse para você milhões de vezes que se você quisesse, eu iria embora. O café nunca ficaria quente pela manhã e nossos livros não se mesclariam na mesinha de centro da sala. Eu também não precisaria fazer seu prato preferido no jantar à luz de velas, para poupar as contas que nunca são pagas. Eu detestaria sair da sua vida, sabe? Porque eu tenho certeza que você não sobreviveria um dia sem que eu estivesse ao seu lado. Não é prepotência, meu amor. É porque eu sei cuidar por dois. Sei cuidar dos meus erros e fazer sua bagunça virar nosso maior triunfo, mas não sei fazer milagre. Suas mudanças de humor constantes, seu jeito irritante de sempre dar a última palavra, sua risada que nunca sai no tom certo e suas mãos que circulam meu corpo da forma errada e nunca param na minha cintura. Mas tudo bem, eu sei conviver com tudo isso. Você sempre foi a parte cheia de defeitos que eu mais gostava na minha vida. Mas eu sou diferente. Eu aguento suas trapaças, suas mentiras e toda essa história de que “a gente foi feita um para o outro de uma forma deliciosamente inversa”. Não entendo e nunca vou entender seus enigmas, nem muito menos as suas frases que nunca acabam da forma certa. Queria que você pudesse me enxergar através da escuridão que se forma quando você não está aqui. Mesmo estando ao meu lado, o que é impressionante, sinto que seus pensamentos te levam a mil lugares diferentes dos meus. E por que eu deveria te puxar para perto? Dizem que eu preciso te deixar voar, porque você voltaria se me amasse. Só que eu sei que você só faria isso se eu tivesse do teu lado. Eu sei, meu amor. Você não é nada sem mim. Você é a parte imperfeita da sua própria sorte. Nem preciso dizer quantas vezes eu disse “eu te amo” por nós dois, ou quantas lágrimas foram perdidas no meio de tantas decepções. Suas cartas foram deixadas no espaço em branco do meu quarto, para que eu pudesse me lembrar todos os dias de te preencher. Mas as minhas, eu sei que você guarda na sua mochila de viagem, para perder sem que você se importe. No fundo, eu sempre estive certa. Você não é nada sem mim. Mas pelo menos costumava ficar comigo, sem que eu precisasse suplicar. Agora eu sei que quem não é nada sou eu. E não é porque você é tudo para mim, mas porque eu nunca signifiquei nada para você...

Nota: meus textos não falam de nenhuma pessoa/situação em especifico, peço que não sintam como indireta ou utilizem para tal fim. Escrevo os mesmos quando a inspiração bate, independente do assunto e do momento vivido atual. 


Nenhum comentário:

Postar um comentário